Os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo participaram da tradicional e bissecular Festa da Nossa Senhora da Boa Morte, realizada na cidade de Cachoeira, no recôncavo da Bahia, na quarta-feira (14).
Vestidos de branco, o casal participou de uma missa e acompanhou o segundo dia de festejos do evento, que é patrimônio imaterial do estado desde 2010. Nesta quinta (15), Taís e Lázaro vão acompanhar uma procissão.
“Coisa mais linda. Ontem foi tão lindo ver as senhoras descerem a ladeira, tão emocionante. Depois teve a missa e é muito importante estar aqui”, comentou Taís Araújo.
Lázaro Ramos e Taís Araújo participam da Festa da Boa Morte na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia
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A programação cultural e religiosa segue até sábado (17). A iniciativa homenageia a Irmandade da Boa Morte, formada por mulheres negras.
Trata-se de uma confraria afrocatólica brasileira que, por muito tempo, foi responsável pela alforria de inúmeros negros escravizados.
A festa acontece sempre em agosto, mês dedicado à Nossa Senhora, reunindo cultura e religião em manifestações de fé, respeito e solidariedade, para lembrar a luta e resistência do povo negro. Todos os anos, os festejos atraem turistas do Brasil e do mundo para a cidade.
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Festa da Boa Morte, em Cachoeira, na Bahia, antes da pandemia do novo coronavírus — Foto: Jomar Lima/Divulgação
- A festividade se iniciou na terça-feira (13), dia dedicado às irmãs falecidas. As irmãs se vestiram de branco e saíram em procissão da sede da Boa Morte rumo a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, carregando a imagem da santa sobre um andor.
- Na quarta-feira (14), com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, as irmãs saíram da sede da Irmandade em procissão noturna, carregando velas, entoando cânticos e fazendo menção à dormição de Nossa Senhora durante o percurso.
- A quinta-feira (15) será dedicada a Nossa Senhora da Glória. A procissão sai pela manhã da sede, seguida por filarmônicas locais. Elas levam flores, carregam o andor até a Igreja Matriz, onde uma missa é celebrada. Nesse momento acontece a transferência dos cargos, com posse da nova comissão de festa para o ano que vem.
- A festa se prolonga até o sábado (17), com muito samba de roda e uma farta ceia oferecida durante os cinco dias de festa, com alimentos que fazem culto aos orixás.
Irmandade da Boa Morte
Mulheres que integram Irmandade da Boa Morte, durante festa na Bahia — Foto: Jomar Lima/Divulgação
Não há uma data precisa sobre o surgimento da irmandade. Pesquisadores apontam que os primeiros sinais do grupo são de 1810, em Salvador, a partir de mulheres escravizadas oriundas de países africanos.
O grupo, que atuava para alforriar escravos, foi extinto por causa de perseguições, que fizeram com que algumas irmãs fossem para Cachoeira, cidade que, na época, gozava de uma economia pujante. Em 1840, elas retomaram as atividades.
Juíza Perpétua da Irmandade morre aos 105 anos em Cachoeira, na Bahia
O nome da irmandade foi escolhido porque quando os negros eram maltratados – o que era comum nos séculos passados – sempre pediam para terem uma boa morte. Muitos pediam a interseção de Maria, para morrerem bem junto a ela.
O grupo já chegou a ter 150 integrantes, com posições passada entre gerações. Apesar do número relativamente expressivo, essas mulheres precisaram lutar para cultuar uma santa católica, sem deixar de lado a ancestralidade do povo preto, portanto, mantiveram o culto aos orixás das religiões de matriz africana.
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