Dia da Agroecologia: Conheça o sistema agrícola que se opõe à monocultura do agronegócio

Data é uma homenagem à Ana Maria Primavesi, pioneira do modelo de plantio sustentável no Brasil
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Em 3 de outubro é comemorado o Dia da Agroecologia em homenagem à Ana Maria Primavesi, pioneira nos debates sobre o sistema agrícola no Brasil e nascida nesta data. Nesta terça, ela faria 103 anos.

Primavesi ficou conhecida por divulgar a agroecologia pelos anos 1960, quando se mudou para o país, vinda da Áustria, e começou a lecionar na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ela era a engenheira agrônoma e pesquisadora, e ganhou diversos prêmios pelos seus estudos em manejo sustentável e ecológico do solo.

A pesquisadora morreu em 5 de janeiro de 2020, aos 99 anos, em São Paulo, e deixou como legado a luta por um produção de alimentos baseada na biodiversidade e preocupada com as questões sociais que envolvem a produção alimentícia.

Um de seus feitos foi a fundação da Associação da Agricultura Orgânica (AAO), uma das primeiras associações de produtores orgânicos do Brasil.
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Agroecologia é um sistema agrícola baseado na produção sustentável, orgânica e ecológica de alimentos, que também incorpora questões sociais, políticas e culturais. Para isso, usa de sabedorias ancestrais e retoma concepções agrônomas anteriores à Revolução Verde.

Esse sistema surgiu, como conceito, em 1934 – mas as populações tradicionais já plantavam seguindo esse modelo. Porém, é entre as décadas de 1960 e 1980 que a agroecologia começa a ganhar mais espaço devido a um movimento que surge para tentar reverter problemas provocados pela monocultura.

Monocultura é o sistema agrícola onde se planta apenas uma espécie em um largo campo (latifúndio). Isso prejudica o solo, pois há uma competição por nutrientes e água, o que gera um desgaste no ambiente. A monocultura também aumenta o número de pragas, pois não há biodiversidade no local, com plantas que possam servir como “protetoras de outras”, além de outros problemas, como:

  • Compactação do solo;
  • Desmatamento;
  • Assoreamento de rios e nascentes;
  • Aumento do uso de agrotóxicos;
  • Diminuição da vazão de córregos e nascentes;
  • Perda total do solo;
  • Redução no uso da mão de obra, contribuindo para o aumento do êxodo rural;
  • Dificuldade para encontrar alimento por parte dos animais típicos da região, levando-os a invadir centros urbanos.

As monoculturas são o principal sistema utilizado pelo agronegócio, e as maiores no país são as de soja, café, cana-de-açúcar e eucalipto.

Em contraponto, a agroecologia valoriza a biodiversidade na hora do plantio e, através de estudos, combina espécies que se ajudam e não competem entre si. Assim, além de manter o solo saudável, consegue combater pragas e insetos. Esse sistema também não utiliza agrotóxicos, mas, sim, produtos mais sustentáveis ao meio ambiente, como bioinsumos.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mundo perdeu 75% da diversidade de cultivos no século passado.

Além da preocupação com a natureza, a agroecologia também incorpora questões sociais no seu desenvolvimento, como o combate à mão de obra escravizada no campo, o acesso ao direito básico à alimentação saudável, igualdade de gênero, combate ao racismo e respeito às comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas.

Combate ao agrotóxico
Pilar da agroecologia, o combate ao agrotóxico é um lema do movimento, que defende uma alimentação sem veneno, ou seja, produtos químicos que causam doenças em seres humanos, intoxicam o solo e poluem as águas.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano e que evoluem para óbito, em países em desenvolvimento. Outros mais de 7 milhões de casos de doenças agudas e crônicas não fatais também são registrados.

Mas a agroecologia consegue alimentar em larga escala?

20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico do MST – Renan Mattos/ MST

Uma das principais dúvidas em torno da agroecologia é se ela é capaz de alimentar em larga escala, e se conseguiria alimentar o mundo, devido ao seu sistema baseado no tempo da natureza e sem utilização de maquinários pesados.

Porém, apesar do agronegócio e a agricultura corporativa crescerem, a fome não diminui. A Organização das Nações Unidas (ONU) já afirmou que o mundo produz alimento suficiente para alimentar toda população humana, mas, ainda assim, 811 milhões de pessoas estavam desnutridas em 2020.

Portanto, o problema da fome não é a produção de comida e sim a desigualdade social-econômica que impede que populações mais pobres tenham acesso ao alimento.

Voltando à agroecologia, um exemplo de produção ecológica em larga escala é a produção de arroz orgânico do Movimento Sem Terra (MST), que é considerada a maior da América Latina.

O movimento defende que é possível alimentar o mundo com agroecologia, e que esse sistema não implica necessariamente na exclusão de maquinários e tecnologias, mas na incorporação de modelos sustentáveis na produção de alimentos.


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por Redação 2JN – Revista forum

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