Enquanto se multiplicam na imprensa os relatos de moradores do Guarujá sobre as mudanças violentas que a Operação Escudo causou nos seus cotidianos, o Governo do Estado de São Paulo, por meio de sua Secretaria de Segurança Pública, divulgou para a imprensa um balanço da operação, que completa 10 dias nesse domingo (6) com a triste contagem de 16 mortos oficialmente registrados. O episódio já é conhecido popularmente como “Chacina do Guarujá”.
Os principais nomes à frente da Operação Escudo são o do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o seu secretário de segurança pública Guilherme Derrite.
A operação foi deflagrada na sexta-feira da última semana (28) como resposta ao assassinato do PM Patrick Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), ocorrida no dia anterior. Desde então, a Polícia Militar já prendeu 134 pessoas, a Civil prendeu outras 26 e quase 500 quilos de drogas foram apreendidos.
Durante a última semana, os agentes também vistoriaram 324 carros e 241 motos, dos quais 33 carros foram apreendidos por terem apresentado irregularidades. 22 armas também foram apreendidas até a última sexta (4).
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Justificando as mortes
A Secretaria de Segurança Pública tenta justificar as 16 mortes com os seus números. Aponta, no comunicado oficial, que 10 dos 16 mortos tinham antecedentes criminais por roubo, receptação e tráfico de drogas.
No entanto, não apresentou um inquérito da policial que os aponte como os matadores de Patrick Reis, ou mesmo decisões judiciais pedindo a prisão dos mesmos por crimes recentes, o que poderia ocasionar uma eventual troca de tiros que justificasse os óbitos. Ao contrário, faz-se o velho jogo do “mereceu morrer”, sem oferecer maiores informações.
Até agora as circunstâncias das mortes não foram reveladas pela polícia, e nem informações sobre as 6 vítimas que sequer teriam passagens na polícia foram levadas a público.
Essa péssima lida do governo bolsonarista de São Paulo com um massacre que vitima e pune uma série de comunidades foi o estopim para que a Defensoria Pública oficiasse o governo na última quarta-feira (2) exigindo que a operação fosse interrompida, as mortes apuradas e os PMs envolvidos nos óbitos afastados.
Massacre pune a comunidade
Um morador da Vila Baiana, no Guarujá, fez um relato do cotidiano da ‘quebrada’ nessa última semana ao jornalista Matheus Pichonelli, do Uol. Ele afirma que após as 22 horas era comum que as pessoas estivessem nas ruas confraternizando, mas que após o início da Operação Escudo e a subsequente matança, as ruas estão completamente vazias após esse horário.
“As pessoas têm medo de descer o morro e não voltar. Tem sido assim desde o dia em que mataram o policial militar da Rota aqui perto, na quinta-feira (27). Quando você sai de casa os policiais já perguntam quem você é, se é morador e por que está descendo. Tem vizinho que chega depois das 22 horas do trabalho e liga para casa do ponto de ônibus. As mulheres então descem com as crianças para buscá-lo”, declarou.
O homem, que obviamente não foi identificado, relata que também foi vítima de uma humilhação decorrente do massacre. Na sexta-feira (28) policiais bateram à porta da sua casa, invadiram o domicílio e, quando perceberam que ele tinha uma passagem por tentativa de roubo anos atrás, o ameaçaram. Sua filha de 2 anos presenciou a cena.
“Meu irmão começou a filmar e um PM muito alterado quis tomar o aparelho dele e o agredir. Minha mãe tem 51 anos e pediu para eles terem calma porque ela é especial. Disse que era da igreja e que meu irmão sofre com ataques epiléticos” relatou.
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por Redação 2JN
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