BYD está por detalhes de anunciar compra da fábrica da Ford em Camaçari e deve produzir SUV híbrido

A fabricante chinesa BYD está a poucos passos de comprar a fábrica da Ford em Camaçari (BA). Após assinar o acordo de intenções em novembro do ano passado, a diretoria da sucursal brasileira viajou junto com o governador da Bahia para a China nesta semana para acertar os detalhes do negócio.

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Segundo fontes da fabricante, as negociações estão progredindo, mas leva-se um tempo para analisar o contrato e retorná-lo à outra parte. Portanto, ele ainda não foi firmado. A BYD já havia até reservado uma data para anunciar oficialmente a compra da fábrica. Mas como o contrato não foi assinado, a festa foi cancelada – temporariamente.

Na visão da fabricante, há pressões de diversos lados – internamente e dos governos federal e estadual. Por isso, a análise é de que o poder de barganha junto à Ford é menor. O planejamento inicial para investir na fábrica era de R$ 3 bilhões e criar cerca de 1.200 novas vagas de trabalho.

Ford anunciou que deixaria a fábrica de Camaçari (BA) em janeiro de 2021 — Foto: Divulgação

Como o contrato com a Ford ainda não foi assinado, o governo baiano até estudou oferecer terreno, conceder benefícios e a infraestrutura elétrica necessária para construir uma fábrica do zero. Porém, o complexo deixado pela fabricante americana é de grande interesse da BYD por ter toda a arquitetura pronta, estar rodeado de um ecossistema de pequenas fábricas de peças e componentes e por estar perto de um porto, o de Aratu.

Projeto
Segundo o protocolo de intenções divulgado pelo governo baiano em novembro, a montadora pretendia implantar as fábricas a partir de junho de 2023, meta que deve atrasar devido à demora para fechar contrato.

A ideia, segundo a BYD, é criar uma megafábrica que possa produzir tanto carros elétricos, quanto chassis de ônibus e caminhões elétricos — hoje a unidade de Campinas (SP) é responsável por montar ônibus elétricos e módulos fotovoltaicos. Por fim, o acordo também inclui a extração de lítio e ferro fosfato no Brasil.

A matéria prima será processada na Bahia e enviada para a China, onde as baterias dos veículos elétricos serão produzidas. Por fim, o produto final será redirecionado ao Brasil para a montagem e finalização dos veículos.

Unidade da BYD em Campinas é responsável por montar ^ônibus elétricos e produzir módulos fotovoltaicos — Foto: Divulgação

Pelo primeiro planejamento, duas unidades em Camaçari deveriam ficar prontas em setembro de 2024, com a previsão de início das operações em outubro do mesmo ano. O terceiro complexo ficaria pronto em dezembro de 2024, com previsão de iniciar as operações apenas no ano seguinte.

Essa última unidade deve ser a de automóveis. Isso porque a BYD estabeleceu que precisa vender 10 mil veículos anualmente para justificar a produção local. Deixar a fábrica de carros para o fim do cronograma possibilita que a empresa expanda sua gama de modelos, cresça no país e ganhe tempo de alcançar esse volume.

Carros que serão produzidos
Segundo fontes internas da BYD, a intenção é que o Song Plus, SUV híbrido plug-in (que carrega na tomada) e veículo de entrada da marca, seja o primeiro a ser produzido em solo brasileiro. De acordo com Henrique Antunes, diretor da vendas da fabricante, o carro já acumula mais de 1.500 pedidos que estão sendo entregues aos poucos.

BYD Song Plus deverá ser o primeiro carro da marca a ser construído em solo nacional — Foto: Rafael Munhoz/BYD

Atualmente, o SUV ocupa a posição de híbrido plug-in mais “barato” do Brasil. Embora custe R$ 269.990, o veículo tem preço menor do que o Caoa Chery Tiggo 8 Pro (R$ 279.990) e o Jeep Compass 4xe (R$ 338.400). O carro da BYD também é o híbrido mais econômico do país ao marcar 38,4 km/l na cidade e 28,1 km/l na estrada com gasolina.

Mas, claro, não será o único. A previsão é que a fábrica comece a montar em seguida outros carros de entrada da BYD, o Dolphin e Seagul, ambos confirmados para o Brasil.

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Dolphin
Com dimensões um pouco maiores do que o HB20 (porém com entre-eixos de um Toyota Corolla), o hatch deve chegar em maio deste ano ao Brasil, ainda importado da China. Por aqui, ele será o 4º elétrico mais barato do mercado, onde deve custar por volta de R$ 180 mil.

A versão de entrada, cotada para chegar aqui, combina um gerador elétrico de 95 cv e 18,3 kgfm com um pacote de baterias de 30,7 kWh. Assim, a autonomia fica em torno de 300 km, segundo o otimista padrão chinês.

BYD Dolphin chega em maio deste ano no Brasil e custará por volta de R$ 180 mil — Foto: Divulgação

Seagull
O carro subcompacto que deverá se tornar o elétrico mais barato do Brasil em 2024 sequer chegou às lojas chinesas, mas já teve o lançamento confirmado para o nosso mercado.

O modelo é menor que o Dolphin — tem 3,78 m de comprimento, 2,50 m de entre-eixos, 1,71 m de largura e 1,54 m de altura — e será concorrente direto do JAC E-JS1, Caoa Chery iCar e Renault Kwid elétrico. Assim, ele vai atuar em uma faixa de R$ 120 mil a R$ 130 mil.

Carros brasileiros poderão chegar no México
Durante a estreia da fabricante no México, nesta última quinta-feira (30), conversamos com Ray Zou, presidente da BYD local. O executivo chinês viu com bons olhos a possível fábrica da empresa no Brasil e acredita que a produção na Bahia poderá beneficiar diversos países da América Latina, especialmente o México.

Vale lembrar que o Brasil e México possuem um acordo bilateral de livre comércio para importar e exportar automóveis, comerciais leves e suas respectivas peças sem a imposição de cotas com isenções de impostos.

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