Video: Conflitos entre vizinhos expõem ‘fracasso da lógica condominial’ e mostram que ‘qualquer um pode ser vetor de violência’

Especialistas analisam cenário de tensão social, que levou a registros de mortos e feridos. Mediação pode ser alternativa para restabelecer convívio social.
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Um jogo de futebol de crianças culminou em um tiroteio entre dois adultos dentro de um condomínio de classe média, em Salvador. A situação até lembra o roteiro da série “Os Outros”, mas aconteceu de verdade.

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Ocorrido no último dia 2, o caso ganhou maior repercussão na quinta-feira (9), com a divulgação de um vídeo que mostra o conflito armado entre os homens.

O motivo: uma bola atingiu a residência de um morador, que reclamou e deu início à confusão. Indignado com a queixa, o pai de uma das crianças envolvidas na brincadeira invadiu a casa do vizinho e o agrediu com socos e empurrões. Cinco minutos depois, voltou armado e trocaram tiros.

Veja Vídeo que mostra momento da troca tiros.

Embora extremo, o caso não é raro. Nos últimos seis meses, o g1 registrou outras situações do tipo:

  • em dezembro, um homem feriu o vizinho, que é policial militar, com cacos de vidro, em Salvador; o agente reagiu atirando na perna do agressor;
  • em janeiro, um jogador de futebol amador foi assassinado a tiros, também na capital baiana, após brigar com um vizinho por causa de um cachorro;
  • em fevereiro, um idoso foi morto a pauladas após brigar com um vizinho por conta de um aparelho de som, em Paulo Afonso, no norte do estado;
  • no mesmo mês, um homem foi assassinado após discutir com um vizinho; uma mulher também foi baleada durante a confusão em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana.

Para o psicólogo da Holiste Psiquiatria, André Dória, esse aparente aumento de conflitos em condomínios e comunidades destroi a “falsa ideia” de que é possível se distanciar dos próprios instintos sombrios e da noção de que o mal está apenas no outro, até então não visto como semelhante.


Vizinhos trocam tiros em condomínio de classe média em Salvador — Foto: TV Bahia

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Como ele próprio compara, a premissa é a mesma da série do Globoplay, em que uma briga entre dois adolescentes desencadeia uma série de conflitos e, consequentemente, envolve os moradores em uma trama de vinganças, crimes e traições. O resultado é a exposição das sombras de cada personagem.

“Essa lógica condominial fracassa no momento em que aparece uma situação como essa, por mais que a gente tente se proteger através de regimentos internos, de uma suposta convivência com pessoas iguais ou no mesmo nível sociocultural”, analisa Dória, mestre em Psicologia, em entrevista ao g1.

“Qualquer um de nós pode ser um vetor de uma situação de violência, por mais que a gente esteja inserido na civilização, na cultura. O drama que esse episódio [do tiroteio entre vizinhos] mostra é que tem algo que é intratável”.

Violência como expressão
Também psicóloga e doutora em Antropologia, Débora Ferraz acredita que a violência se tornou um recurso de expressão contra o outro. Sua reflexão leva em conta o sistema social vigente, em que não há grandes preocupações com a coletividade.

“A violência acaba virando objeto de fetiche de uma sociedade em que eu não quero justiça, eu quero vingança, não é? (…) Então isso tem a ver com um mundo social completamente pautado no individualismo, na concorrência, no esmagamento do outro”.

A solução é a mediação?
Se as recorrentes brigas com episódios de agressão entre vizinhos espelham o comportamento social, como combater esse problema? No âmbito individual, o psicólogo André Dória não vê muitas possibilidades. Resta, então, a lei e os preceitos que formam a civilização, conclui.

Neste sentido, um caminho já buscado em situações conflituosas é a mediação profissional. Diferente do que acontece em “Os Outros”, na vida real, o mediador realmente busca sanar os problemas entre as partes.

“Trata-se de um método de resolução de conflitos que ajuda muito na comunicação dessas relações. Ela é muito aplicada, por exemplo, em uma família, com casal que está se divorciando… Em condomínios ou em comunidades, do mesmo jeito”, conta a mediadora extrajudicial e advogada colaborativa Lúcia Rosas.

De acordo com ela, a mediação possui também um caráter preventivo, a fim de evitar que tensões escalem e cheguem a casos de agressões. Mas nada impede que o serviço seja acionado após o conflito, a fim de restaurar a harmonia no meio de convívio.


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por Redação 2JN – g1ba

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