A auxiliar de limpeza Emili Maria dos Santos, de 28 anos, foi diagnosticada com um carcinoma mucoepidermóide, câncer na região da parótida, glândula salivar localizada no lado direito do rosto, e está em busca de ajuda para custear o tratamento.
Moradora do bairro Cosme de Farias, em Salvador, Emilli dos Santos é paciente do Hospital Aristides Maltez (HAM), unidade filantrópica que cuida de pacientes oncológicos na capital baiana.
Aos 7 anos, Emili dos Santos descobriu que tinha a doença e, um ano depois, realizou o primeiro procedimento cirúrgico, quando foi feito um esvaziamento cervical e foi colocado uma prótese.
Dois anos depois, foi iniciado o tratamento com radioterapia, que foi concluído com sucesso. Após o acompanhamento de um oncologista, aos 14 anos, a baiana foi considerada curada do câncer.
Mesmo tendo vencido a luta contra a doença, Emili fazia acompanhamento anual. Em 2022, começou a sentir muitas dores na mandíbula, dentes e dificuldade para abrir a boca.
“Resolvi procurar meu médico oncologista que me acompanhou na infância. Ele me indicou fazer fisioterapia, porém, tudo que estava sentindo persistia e com uma maior intensidade”, contou a baiana.
Em seguida, o rosto da auxiliar de limpeza começou a inchar, a visão do lado direito foi afetada e a auxiliar de limpeza começou a conviver com perda de peso e ferimentos na boca e rosto.
O diagnóstico do retorno do câncer foi feito no dia 3 de janeiro deste ano, após uma tomografia.
“Dessa vez veio muito mais agressiva e em outros locais da face, como atrás da orelha e próximo a região do olho”, contou.
O tratamento com radioterapia vai ser iniciado no dia 17 de abril, inicialmente com a previsão de 36 sessões. “Depois vou passar por uma nova avaliação médica, onde vai ser definido os novos passos do tratamento. Se será cirurgia ou novas sessões [radioterapia]”.
Benefício indeferido e ajuda nos custos
Emili Maria dos Santos mora com a mãe Adinailza Maria e era a responsável pela renda da casa. As duas têm vivido com a ajuda de familiares desde dezembro do ano passado, quando a auxiliar de limpeza recebeu o último salário.
“Eu parei de trabalhar em dezembro, quando fui afastada da empresa. Minha família ajudava, mas ficou pesado, porque eram muitos custos”, contou.
Para cobrir custos de remédios, colírios, pomadas, vitaminas, suplemento alimentar, transporte por aplicativo e alimentação, Emili dos Santos fez uma vaquinha virtual.
“Eu não posso andar de ônibus, porque tem o perigo de alguma pessoa bater no meu rosto sem querer. Também saio da radioterapia com muita dor e não tenho condições de pegar o ônibus para voltar para casa”, relatou a baiana.
Ela conta que a solicitação que fez para receber um benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi indeferido e será necessário passar por uma nova perícia. A equipe de reportagem da TV Bahia solicitou uma nota sobre o caso ao INSS e aguarda resposta.
“A empresa que trabalho não aceita mais os meus atestados médicos e minha mãe está desempregada.
A vaquinha foi iniciada em março e Emili tem uma meta de conseguir R$ 20 mil. Até a tarde de segunda-feira (10), mais de 500 pessoas já tinham entrado na rede de solidariedade e a baiana conseguiu R$ 11,2 mil.
“Com o passar do tempo, eu venho sentindo as dores aumentar, principalmente na hora de dormir. Eu tiro um cochilo e acordo com 30 minutos, porque puxa muito”.
O que dizem os especialistas
O carcinoma mucoepidermóide, câncer identificado em Emili, é o nome que se dá a um tipo de tumor maligno que ocorre nas glândulas salivares. Leonardo Kruschewsky, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, explicou que os seres humanos têm cerca de três pares de gândulas salivares: parótidas, submandibulares e sublinguais, que são responsáveis pela produção da saliva que auxilia na digestão.
Segundo Leonardo, o tumor mucoepidermóide é o tipo de diferenciação maligna mais comum nessas anatomias. Ele surge, normalmente, em um caroço que é apalpado na região do pescoço onde ficam as glândulas.
O especialista chama atenção para a importância de procurar um médico, caso seja notada alguma alteração na área.
”No surgimento do caroço é importante que busque um médico para realizar ultrassom e os exames para definir o diagnóstico. São tumores que começam de uma forma muito silenciosa, ocorre de ser descoberto em eventos do dia a dia como fazendo a barba, tocando no rosto, pescoço, ou sentindo na boca algum caroço”.
O especialista explica que o tumor das glândulas salivares tem um comprometimento em torno de 2% a 3% dos cânceres da área da região da cabeça e pescoço.
”Não é uma tumoração comum, mas também não é raro”, esclareceu.
A faixa-etária mais comum de surgimento desse tipo de câncer é entre os 40 e 50 anos. O tumor deixa de ser silencioso quando tem um crescimento mais significativo. A partir disso, os sintomas podem ser: dor, alterações na pele e nervos na face.
Leonardo esclarece que a alteração nos nervos faciais, como os vistos em Emili Maria, acontece devido a relação com as glândulas salivares, principalmente os responsáveis pela movimentação da boca e pálpebra.
O médico disse ainda que o tratamento efetivo é a remoção parcial ou total da glândula com o cuidado de preservar o nervo. O procedimento é realizado por cirurgiões de cabeça e pescoço.
”Se o tumor for de alto grau, é realizada também a retirada de linfonodos do pescoço e radioterapia. Quando esses tumores voltam a cirurgia sempre é a primeira opção, seguido de complementações. Mas cada caso é um caso, cada ser humano tem uma peculiaridade”.
por Redação 2JN – g1ba
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