Um vídeo mostra a bíblia distribuída em Salinópolis, no Pará, durante evento com o ex-ministro Milton Ribeiro, em 2 de julho de 2021. Na publicação, além do ex-ministro (que aparece ao lado da esposa), estão os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, supostamente envolvidos no escândalo do Ministério da Educação. Assista acima.
Nesta segunda-feira (28), Milton Ribeiro afirmou, pelas redes sociais, que havia autorizado a produção de Bíblias com a sua imagem e a distribuição gratuita delas em um evento de cunho religioso. Após a repercussão, governo oficializou a saída do quarto ministro da Educação de Bolsonaro. Ainda nesta segunda, o ministro pediu exoneração do cargo.
A gráfica responsável pela tiragem disse que não fabrica ou comercializa bíblias personalizadas.
Segundo a Casa Publicadora Paulista, a empresa “nunca fabricou ou comercializou bíblias com fotos do ministro Milton Ribeiro, ou de qualquer outro ministro do governo atual ou de governo anteriores” e que não conhece o ministro:
“nunca solicitamos ou obtivemos autorização ou pedidos para produção ou comercialização de quaisquer produtos com sua foto ou qualquer outra informação que possa remeter a sua imagem”.
A nota afirma, ainda, que a editora “produz e comercializa 590 modelos de bíblia, comercializada como produto acabado, além de miolos de bíblias sem capa para empresas.
A Bíblia havia sido distribuída durante encontro do Ministério da Educação (MEC), com prefeitos municipais, no dia 2 de julho de 2021, no ginásio municipal de Salinópolis – cidade conhecida como Salinas, que fica a 220 quilômetros de Belém.
Além de convidados, alguns moradores e vereadores estiveram presentes. Nas imagens transmitidas em rede social, alguns exemplares da Bíblia foram colocados sobre as cadeiras reservadas para os convidados.
O evento “Melhorias na Educação: Atendimento aos Prefeitos do Estado do Pará” foi articulado pelo prefeito Kaká Sena (PL), como é conhecido, com apoio do deputado federal Joaquim Passarinho (PSD).
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, foram confeccionadas mil Bíblias, a R$ 70 cada exemplar. As tiragens foram feitas pela Igreja Ministério Cristo para Todos, comandada pelo pastor Gilmar Santos.
No livro estão fotos do prefeito da cidade, Carlos Alberto de Sena Filho (PL); o titular do MEC, Milton Ribeiro; e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Um texto na contracapa das bíblias diz que as publicações foram custeadas pelo prefeito de Salinópolis.
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura são apontados como intermediadores da liberação de verbas do Ministério da Educação, supostamente mediante o pagamento de propinas.
No dia do evento, que contou com mais de 80 prefeitos, um dos palestrantes afirma que o prefeito Kaká Sena já tem um legado.
“Foi o único prefeito na história de Salinas que conseguiu trazer um ministro da educação aqui”, anunciou.
A reportagem de O Estado de S. Paulo diz que, após o encontro, o ministro Milton Ribeiro aprovou a construção de uma escola na cidade. O MEC teria assinado um termo de compromisso com a prefeitura no valor de R$ 5,8 milhões, dos quais empenhou, no final de dezembro, R$ 200 mil.
O g1 procurou a prefeitura e pediu posicionamento, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
Após o caso vir a público, Milton Ribeiro confirmou, pelas redes sociais, que “autorizou a produção de bíblias com a sua imagem e a distribuição gratuita delas em um evento de cunho religioso”.
“Contudo, descobri no final de outubro de 2021 que bíblias com minha imagem foram distribuídas em outros eventos sem a minha autorização”, afirma. Após saber disso, o ministro disse que enviou ofício à editora em outubro de 2021 “desautorizando esse tipo de distribuição”.
Crise no MEC
Neste mês, “O Estado de S. Paulo” denunciou a existência de um “gabinete paralelo” de pastores que controlaria verbas e compromissos do MEC.
Em seguida, na semana passada, a “Folha de S.Paulo” divulgou um áudio em que Milton Ribeiro admite repassar verbas a municípios indicados pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Na gravação obtida pelo jornal, Ribeiro diz ainda que esses favorecimentos são uma recomendação do presidente Jair Bolsonaro.
Desde então, começaram a surgir denúncias de prefeitos sobre propinas que os pastores pediam para facilitar a liberação das verbas do MEC — os esquemas supostamente envolveram compra de Bíblias e distribuição de barras de ouro, por exemplo.
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por g1
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